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Rodrigo Vervloet, presidente da Abrasel no Espírito Santo

"Há uma regeneração do setor, com entrantes ocupando o espaço que ficou em aberto. Temos de depender menos de funcionários. E, também, qualificar novos funcionários, como estamos fazendo"

A escassez de mão de obra nos vários setores paradoxalmente ocorre no Brasil ao mesmo tempo em que permanece elevada a taxa de desemprego, de 14,1%. Nos Estados Unidos verifica-se um fenômeno semelhante de falta de mão de obra e de persistente desemprego, cuja taxa é de 4,8%.

“A informalidade cresceu enormemente entre nós, afetando muito o setor de bares e restaurantes”, disse Rodrigo Vervloet, presidente da Abrasel no Espírito Santo.

Com o impositivo vaivém de abre-e-fecha dos estabelecimentos da alimentação fora do lar, expressiva parcela dos funcionários do setor deslocou-se para a economia dos aplicativos de transporte privado, aos serviços de entrega (delivery), à produção doméstica de quentinhas, doces, bolos e comidas congeladas.

Ou, ainda, ao comércio de confecções, aos serviços de reparos e manutenção de instalações elétricas. Dos 89 milhões de brasileiros ocupados (de acordo com estatísticas do IBGE), 36,3 milhões estão em atividades informais, correspondendo a 41% do total.

Restam, portanto, 52,7 milhões de trabalhadores formais, dos quais 14,8 milhões enquadram-se como microempreendedores individuais (MEI).

“Temos que trabalhar muito com a nossa agenda positiva de arregimentação e capacitação de mão de obra para o setor da alimentação fora do lar. Brevemente, daqui a um mês (isto é, a partir do início de novembro), iniciaremos o curso de qualificação de garçons que terá, no mesmo local, um balcão de contratação. O nosso empenho é o de compensarmos a mão de obra que perdemos para a informalidade”.

O turismo doméstico aquecerá ainda mais o setor de serviços capixaba, já se registrando falta de acomodações em Guarapari

Vervloet é proprietário de dois estabelecimentos na Praia do Canto, em Vitória o ‘Ensaio Botequim’ e o ‘Bar 40 graus’. A previsão é que se tenha um verão fervilhante de turistas, motivo pelo qual a busca de atenuantes para a escassez de mão de obra tornou-se uma questão ainda mais premente.

“O Espírito Santo receberá enorme contingente de turistas nacionais, encerrando-se a fase do represamento que houve na pandemia. Temos notícia que Guarapari (cidade balneária distante 50 quilômetros rodoviários de Vitória) já está registrando dificuldade de se achar um lugar para ficar”.

A esses acontecimentos que se cruzam, como informou o presidente da Abrasel no Espírito Santo, há uma intensa regeneração do setor de bares e restaurantes, com novos entrantes ocupando o espaço que ficou em aberto como consequência do fechamento de bares e restaurantes, durante a pandemia.

Este é um fator que aprofunda a falta de mão de obra. “Temos de contornar a situação, buscando depender minimamente de funcionários em nossas operações. Ao mesmo tempo, temos de nos empenhar na qualificação de novos profissionais, a exemplo do que faremos no curso de garçons”, ponderou Vervloet.

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