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Conheça a história do chef que transformou sua paixão pela cozinha em referência de sucesso na confeitaria francesa.

Por Duda Gomes

A trajetória do chef Paulo Rocha começou no Vale do Jequitinhonha, onde, inspirado pela avó, iniciou seu interesse na gastronomia e na busca pela excelência na confeitaria. (Foto: Thamilou)

Paulo Rocha, conhecido pelo seu trabalho como chef patissiere dos restaurantes do chef Eric Jacquin, se tornou um dos grandes nomes da confeitaria francesa a nível nacional. Hoje à frente de uma equipe de 27 confeiteiros, carrega em sua atuação o reflexo de suas origens familiares e de uma determinação ímpar.

Paulo saiu do interior de Minas Gerais para construir uma carreira marcada pela dedicação, estudo e propósito evidente. Além de liderar cozinhas e criar sobremesas icônicas, ele é referência na televisão e nas redes sociais, inspirando novas gerações.

As raízes de Paulo Rocha

A trajetória do chef Paulo Rocha tem suas raízes em Chapada do Norte, uma cidade quilombola localizada no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Foi ainda menino, sob a influência de sua avó materna, Dona Zizi, que Paulo teve seu primeiro contato com a gastronomia.

A matriarca da família era quitandeira e vendia bolos, pães e biscoitos na feira da comunidade em que viviam. Inicialmente, a venda dos quitutes servia para a sobrevivência da família na pequena cidade do interior.

No entanto, o convívio com as receitas dá avó despertou algo maior em Paulo. Esse contato com os sabores e a tradição da família foi o início de uma carreira marcada pela busca constante pela excelência na confeitaria francesa.


Primeira experiência na confeitaria

Na adolescência, entre 12 e 13 anos, Paulo Rocha deixou Chapada do Norte, e se mudou para São Paulo, capital, com o pai, em busca de melhores condições de vida.

Motivado por um desejo em alcançar sua indepêndencia financeiria, logo encontrou sua primeira oportunidade de trabalho em uma confeitaria popular na cidade.

Foi nesse ambiente profissional que, ao ter seu primeiro contato com a cozinha, Paulo teve a certeza de que a gastronomia seria seu caminho.

Ainda nessa primeira experiência, o jovem auxiliar de confeiteiros desenvolveu um interesse pela confeitaria francesa. Embora a alta gastronomia parecesse um sonho distante, ele dedicava-se ao estudo constante e à recriação de receitas.

Rocha trabalhou por cinco anos nesta primeira oportunidade, antes de decidir buscar novas experiências. Durante os anos seguintes, passou por mercados e buffets, mas sempre com a confeitaria francesa como objetivo central de sua carreira.

A confeitaria francesa

Em 2014, após a indicação de um amigo dos tempos de colegio, Paulo teve sua primeira experiência profissional na confeitaria francesa, atuando em um empreendimento no bairro Jardins, em São Paulo.

“Eu sempre planejei cuidadosamente cada passo para alcançar meus objetivos. Isso inclui a escolha das pessoas certas, o estudo contínuo e estar preparado para, quando chegasse lá, entregar o que era esperado”, afirma o chef.

Em 2014, Paulo iniciou sua jornada na confeitaria francesa em São Paulo, sempre com um planejamento estratégico, investindo em aprendizado contínuo e buscando estar preparado para as oportunidades.(Foto:Thamilou)

O início na confeitaria despertou em Rocha a importância da constante profissionalização no setor. Ainda em 2014, motivado pelo contato com novos ingredientes e técnicas, ele decidiu ingressar no curso de gastronomia.

“Sempre investi nos estudos para construir uma base sólida e busquei aprender com os melhores chefs, unindo teoria e prática para alcançar excelência na confeitaria”, conta o chef.

A visão estratégica sobre sua carreira não se limitou apenas a profissinalização, mas também a atenção constante as oportunidade ao seu redor. Paulo viu em um anúncio pelas redes sociais a chance de alavancar sua trajetória.

Foi então que Rocha se candidatou a uma vaga para ingressar na equipe do chef francês e jurado do MasterChef Brasil, Erick Jacquin. Ao observar o currículo de Paulo, Jacquin o transformou no chef patissiere de sua rede de restaurantes.

“De 2004 até 2019, eu sempre tive em mente que estava me preparando para uma grande oportunidade. Eu sabia que, em algum momento, ela ia aparecer, mas eu precisava fazer a minha parte: estar pronto quando ela chegasse", confessa.

Paulo conta com orgulho do início dos trabalhos com o chef francês. Uma das receitas que o marcou foi o charuto de chocolate desenvolvido para o cardápio dos restaurantes de Jacquin em 2009.

“Eu me lembro de uma sobremesa que está no cardápio até hoje, desde 2009: o charuto de chocolate. No meu primeiro dia, ele (Jacquin) mencionou que queria muito incluir essa sobremesa no menu. Então, desenvolvi a receita, e ela continua lá até hoje”, destaca o chef.

A trajetória de Paulo Rocha reflete seu crescimento profissional. Atualmente, ele lidera uma equipe composta por 27 confeiteiros, que atuam ao seu lado na execução das atividades nos restaurantes.


Visibilidade e propósito

A história do chef foi marcada por um propósito claro desde o início: ser a referência que ele não teve enquanto crescia no Vale do Jequitinhonha.

Paulo sabia que jovens como ele enfrentavam a falta de perspectivas e referências que mostrassem que sonhos poderiam se tornar realidade. "Queria ser a referência que eu não tive", conta.

Esse desejo foi o que o motivou a começar a compartilhar seu trabalho nas redes sociais em 2017. O chef começou a utilizar o Instagram como ferramenta para alcançar novos públicos e inspirar pessoas.

"Quando comecei a trabalhar com as redes sociais, eu queria mostrar que era possível para alguém como eu, vindo de onde vim, conquistar visibilidade", afirma.

Essa presença digital o levou a novas oportunidades na televisão. Em 2019, Paulo participou do programa Seja Doce, no qual chegou à final e conseguiu apresentar sua técnica e criatividade ao público.

Logo em seguida, veio o convite para integrar o elenco do Iron Chef Brasil, da Netflix.

"Foi um outro patamar, porque atingi um público gigantesco e realizei o objetivo de mostrar, para meninos e meninas de lugares como Chapada do Norte, que é possível chegar longe", reflete.

Além do Iron Chef, ele passou a apresentar o programa Esse Doce Tem História, no GNT, ao lado de Michelle Crispim. Paralelamente, começou a colaborar com marcas, ministrar palestras e explorar novos caminhos na gastronomia que extrapolam a cozinha.

"Hoje, consigo impactar pessoas e inspirá-las a acreditar que podem crescer, independentemente da área", conclui.

Ao refletir sobre sua trajetória e o impacto que causou na gastronomia, o chef destaca a importância de um propósito claro, que sempre guiou suas decisões e ações.

Para ele, aqueles que aspiram a empreender no setor de alimentação fora do lar uma mensagem clara: "Tenha um propósito firme, planeje cada passo e se prepare constantemente. O sucesso não vem por acaso, mas sim por meio de dedicação, estratégia e a capacidade de aproveitar as oportunidades que surgem ao longo do caminho."

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