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Open tem sido o prefixo da quebra de barreiras

Por Marcio Blak

Do mais conhecido “open source” onde códigos de programação são compartilháveis, ao mais novo modelo Open Banking, com sua função de democratizar os acessos bancários, várias indústrias vêm buscando ser Open.

No mundo do foodservice, principalmente, na relação da tecnologia com o mercado de alimentação, sempre houve muitas questões de integração, entre sistemas de ERP/PDV e seus periféricos e sistemas acessórios.

Na época das impressoras fiscais, lá atrás, no início dos anos 2000, cada fabricante de impressora fiscal tinha uma linguagem especial que fazia com que cada fornecedor de sistema de PDV tivesse que compatibilizar seu caixa com o equipamento A ou B.

Por um lado isto era ótimo para o fabricante líder, que uma vez em que novos entrantes quisessem abocanhar o mercado, teriam uma longa estrada para percorrer até que os PDVs mais comuns do mercado fossem compatibilizados, mas para o consumidor — o Restaurante — era péssimo, pois uma vez preso a um fornecedor, o divórcio era quase que litigioso.

Com este viés, surgiu um movimento, através da AFRAC — Associação de Fabricantes de Automação Comercial — em criar uma “DLL Genérica da AFRAC” ou seja, um protocolo único de comunicação entre os equipamentos fiscais e os sistemas. Obviamente, muitas empresas de software apoiaram esta iniciativa, mas nem todos os fabricantes viram com bons olhos. A “DLL” até nasceu, mas não chegou a prosperar. Enfim, os ECFs acabaram morrendo, e hoje vemos como isto atravancou a tecnologia de prosperar mais rapidamente.

Mas os problemas apenas mudaram de cenário, e hoje, principalmente com a pandemia, nos vemos às voltas das integrações entre sistemas e marketplaces/apps.

Centenas de canais, centenas de PDVs, uma grande malha onde o objetivo principal que é vender e atender ao consumidor, fica em segundo plano, tamanha é a dificuldade de manter este ecossistema atualizado e respirando.

Imagine — talvez, nem precise imaginar, já que você pode estar passando por isto — ter que manter seu cardápio de 50 itens — em média — atualizado em 10 canais de venda online. Bom, só este pequeno ponto já seria motivo de muitos arrancarem os cabelos.

Agora imagine, receber pedidos destes 10 canais simultaneamente e ter que digitar em seu PDV para enviar para as produções e emitir os cupons fiscais? Certamente terá cliente recebendo batata frita ao invés de arroz à grega.

Pensando neste caos, a ABRASEL — Associação Brasileira de Bares e Restaurantes — juntou esforços para criar um protocolo chamado OpenDelivery com o intuito de organizar e desburocratizar a bagunça que se tornou interconectar PDV, ERPS, MarktetPlaces, Apps, Logística e afins.

Durante o estudo inicial, a ABRASEL promoveu uma pesquisa entre Bares & Restaurantes, usuários deste ecossistema, e levantou estes pontos “doloridos”.

- Destaque a preços baixos nos apps
- Faturamento não é lucro
- Pedidos recebidos de forma desordenada
- Impossibilidade de conferir recebíveis
- Taxas pouco vantajosas
- Difícil gestão de cardápios
- Ausência de interoperabilidade
- Muitos problemas com as entregas

Com estes pontos como premissas, o OpenDelivery não veio para concorrer com os MarketPlaces, nem com os e-commerces, muito menos com os Apps de pedidos, nem mesmo pensa em oferecer um PDV genérico ao mercado para uso em todos os estabelecimentos.

A Abrasel, como se fosse a “ONU — Organização das Nações Unidas”, criou um protocolo — o OpenDelivery , uma “linguagem universal” — onde de um lado sistemas PDV/ERP conseguirão ler seus pedidos em um formato único de qualquer marketplace/app, e por outro lado, qualquer marketplace/app receberá o cardápio de uma forma unificada.

Assim, um novo MarketPlace ou App que quiser oferecer seus serviços, basta estar compatível no protocolo OpenDelivery e voilá! De forma similar, um PDV que desejar integrar pedidos em seu sistema, terá apenas que compatibilizar com um protocolo fácil e único.

Um outro ponto que impera no cenário atual, são as altas taxas dos serviços full service dos marketplaces, onde eles oferecem também a logística. Com o protocolo OpenDelivery empresas de logísticas poderão mais facilmente ser acessadas pelos aplicativos ou pelos sistemas PDV e fazerem a coleta dos pedidos, mesmo não sendo uma frota própria de motoboy do Restaurante — o que abrirá ainda mais o leque para um variado número de opções de e-commerce e aplicativos de delivery.

Desde 2020, um seleto grupo vem trabalhando arduamente para mapear todas as funcionalidades nos pontos principais de cardápio, pedidos e logística, documentando todas as rotinas e criando um protocolo único para isto. Um grupo de vários patrocinadores, empresas envolvidas neste ecossistema vem apoiando a iniciativa da ABRASEL.

Os primeiros resultados do trabalho estão sendo compartilhados neste seleto grupo, neste mês de agosto/2021, e seus testes devem começar neste segundo semestre de 2021.

É um novo mundo se abrindo para o mercado tech no foodservice, diferencial competitivo não pode ser uma integração com fulano ou ciclano, e sim, deve ser, ferramentas mais fáceis e ágeis, bem como dados compilados, ou seja, resultado. Isto é que difere um bom produto de um outro qualquer.

Lembrando, o OpenDelivery não é um software, não é um app, ele é o protocolo de comunicação padronizado para que players deste setor possam se comunicar entre si, oferecendo, cada um, seus melhores benefícios ao cliente final — o restaurante.

Como diz o bordão, “O Brasiiiilll é Open!”

*Marcio Blak é especialista no mercado de Tecnologia com forte viés na Transformação Digital do Food Service, Varejo & Franquias

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