Dados do IPCA, divulgados nesta sexta-feira (12) mostram que estabelecimentos estão novamente segurando os preços para não perder movimento
Depois de uma ligeira recuperação dos preços dos cardápios diante da inflação no segundo semestre de 2022, os bares e restaurantes voltaram a perder margem para a inflação. Resultados de abril mostram que a inflação no setor, que foi de 0,66%, fechou quase em linha com o índice geral, de 0,61%.
No entanto, em 2023 a inflação na alimentação fora do lar é de 2,35%, contra 2,72% do índice geral. Isso significa que os bares e restaurantes voltaram a segurar reajustes, evitando repassar a inflação neste ano para os cardápios.
“Quando olhamos os últimos doze meses, a inflação em nosso setor foi de 8,03%, bem acima do índice geral de 4,18%. No entanto, isso se deveu a uma recuperação, no segundo semestre do ano passado, das enormes perdas da pandemia, quando ficamos praticamente dois anos sem poder fazer reajustes. Este ano já voltamos novamente a ter perdas. Esse é um dos fatores que explicam termos hoje mais de um quarto dos estabelecimentos realizando prejuízo”, afirma Paulo Solmucci, presidente da Abrasel.
Pesquisa da entidade que ouviu 1.815 empresários de todo o país, divulgada nesta quinta-feira (12) apontou que 27% das empresas trabalharam com prejuízo em março. Outros 37% tiveram lucro e 36% ficaram estáveis (1% não respondeu/a empresa não existia em março).
A pesquisa apontou também um ligeiro aumento no número de empresas com dívidas em atraso – 41%, contra 40% da pesquisa do mês anterior. As dívidas são principalmente em relação a impostos federais (77%), impostos estaduais (46%) e encargos previdenciários (36%).
"É uma situação muito ruim, em que boa parte das empresas está patinando, sem conseguir ter lucro e sofrendo com inflação, empréstimos com parcelas em aberto, dívidas acumuladas em função da pandemia. Se nada for feito, muitos não aguentarão", continua Solmucci.
"É preciso estender programas como o Perse, de recuperação fiscal, para o nosso setor. Esta discussão está no Senado, e temos a expectativa de que os senadores sejam sensíveis a um dos setores que mais empregam e que tem participação decisiva na dinâmica da nossa economia”, finaliza.